Lógica Assessoria Ambiental Inteligente

Escrito por Gabriela Jacinto Fell
Nutricionista
13.05.2021

Pode ser que você esteja cansado, ou muito agitado, ou pedindo uma folga. Já não esteja com todo aquele gás de antigamente e pode estar se perguntando o que está acontecendo. Ou não consegue entender porque tem momentos em que pode fazer tudo com muita agilidade e parece que as boas ideias “brotam”. Isso tudo pode estar acontecendo porque o seu cérebro não está recebendo o combustível correto todos os dias.

Então você pode me perguntar: “A glicose não é o combustível do cérebro?”. Sim, é. Só que vamos pensar no funcionamento do cérebro como o funcionamento de um carro: para que o carro ande, você precisa de outras coisas além do combustível. Você precisa que outras partes do carro estejam funcionando adequadamente: rodas, motor, câmbio, elétrica... Só a energia não levará o seu carro para parte alguma. Da mesma forma funciona nosso cérebro: você pode disponibilizar calorias em abundância, embora isso não significa que você terá uma mente com alta performance. Isso é em parte verdade. Vamos ver o que mais acompanha.

Você já deve ter ouvido falar que temos dois cérebros: o cérebro órgão e o intestino. Ambos trabalham em conjunto para que tenhamos uma boa produtividade e um equilíbrio das áreas hormonais e psicológicas. Boa parte da nossa serotonina, apelidada de hormônio do bem-estar, é produzida no nosso intestino, para atuar no nosso sistema nervoso. Por isso, equilibrar e alimentar o nosso intestino é fundamental.

Quem faz esse papel dentro do intestino? A grande parte é a nossa microbiota intestinal, que outros chamam de flora intestinal. É composta de microorganismos que ficam fazendo uma barreira nas microvilosidades intestinais. Esses microorganismos tem função de evitar que grandes moléculas mal digeridas, parasitas, toxinas e agentes causadores de doenças passem pelo lúmen e entrem na corrente sanguínea. Além de atuar na defesa, a flora intestinal facilita a absorção de vitaminas e alguns minerais, que posteriormente serão coadjuvantes na produção, armazenagem e distribuição de energia celular.

Como manter o intestino e a microbiota intestinal saudável já que ela tem tamanha importância? Dando alimentos naturais e ricos em fibras para ele. Sabe o chuchu? Aquele mesmo, que todo mundo faz piada? É um dos melhores alimentos para o seu intestino! Além deles, as fibras da aveia, do arroz, da batata doce e do aipim são ótimas fontes de energia para as bactérias boas desse órgão. Frutas in natura e secas, vegetais crus e cozidos e oleaginosas completam o cardápio, fornecendo as 30g diárias de fibras.

Agora que arrumamos o intestino, estamos mais animadinhos com a serotonina oriunda dela, vamos falar desses coadjuvantes que facilitam a nossa vida para que as células sejam mais ágeis nas suas tarefas, tenham mais vitalidade e, consequentemente, envelheçam lentamente. Aqui chegou a vez dos antioxidantes, geralmente encontrados nas vitaminas e minerais. A vitamina C é muito conhecida por prevenir gripes, mas, na verdade, ela atua fortificando o sistema imunológico e, assim, se evita que o vírus apareça. Mas a vitamina C também atua na produção de colágeno, uma proteína presente na pele e articulações, por exemplo. O zinco, a vitamina E, o selênio e a vitamina D também são antioxidantes importantes tanto para pele, unhas, cabelos, como para manter o nosso cérebro jovem. Isso se deve, pois, o cérebro é um grande gastador de energia e, com isso, produz muitos radicais livres. Esses radicais livres quando em excesso causam desde envelhecimento precoce até câncer. A função dos antioxidante como os citados acima é de justamente neutralizar os radicais livres, protegendo as células.

Quando consumimos peixes, alimentos verde-escuros, oleaginosas como castanhas, nozes e linhaça estamos repondo potássio, magnésio e gorduras “boas”, como o ômega 3 e 9. Isso garante melhor aprendizagem, circulação sanguínea e protege a estrutura dos neurônios, afinal elas são cobertas pela bainha de mielina, uma capa de gordura que se encarrega de manter que a descarga elétrica de um neurônio chegue a outro. Além do cérebro, quem quer ter um bom desempenho esportivo precisa estar em dia com a ingestão deles. Cereais integrais, leguminosas como feijão e lentilha e o levedo de cerveja garantem o bom aporte de vitaminas do complexo B, exceto B12, que é encontrado apenas no reino animal. Sem essas vitaminas, nosso humor e nossos glóbulos vermelhos despencam e a TPM piora. Percebe quanta coisa a mais é imprescindível para que você tenha um bom desempenho?

Existe também a outra via: o seu meio e os seus pensamentos que influenciam nessa dinâmica. Como é possível? Vamos começar pelo meio em que estamos inseridos: se no nosso local de trabalho há muitos poluentes, esses de alguma maneira entrarão para o nosso organismo. Isso vai gerar um sistema de inflamação baixa, mas constante, que vai exigir maior uso de antioxidantes presentes na corrente sanguínea. Se você não fizer o aporte necessário, pode ser um fator externo prejudicando a sua dinâmica interna.

E os pensamentos, como podem influenciar? Lembra da sua última viagem, como foi gostoso vivenciar o passeio, o local, a comida...? Agora avalie o seu corpo: você se sente mais relaxada, ombros mais flexíveis, respiração mais tranquila, um sorriso no rosto? Pois é: só de pensar na viagem, reviver os bons momentos, você liberou hormônios que causaram alegria e descontração. Agora o contrário, se você vive preocupado, agitado, pensando o pior, provavelmente o seu corpo liberará mais hormônios do estresse, o que exigirá trabalho extra dos seus nutrientes. Isso porque a resposta hormonal é indiferente para um fato real ou imaginário. Portanto, manter a qualidade dos seus pensamentos é fundamental.

Outro fato que precisamos levar em consideração é o uso indiscriminado de agrotóxicos. O brasileiro consome em média, em um ano, 5 litros de agrotóxicos embutidos nos alimentos, itens de higiene entre outros. Doenças como o autismo já estão relacionadas a esses componentes, bem como o número de alergias crescente pela ingestão de alimentos transgênicos, que suportam a carga de veneno. Embora ainda não seja possível a rastreabilidade completa da origem de tudo o que usamos, sempre é válido optar por produtores locais e orgânicos quando estiver ao nosso alcance.

Para viver bem precisamos passar pela comida de verdade, natural, colorida e com sabor. Ao conseguirmos organizar nosso interno, teremos maior energia, disposição e até mesmo o nosso foco melhora, contribuindo para a alta performance que tanto almejamos. Assim como um veículo, realizar a nossa manutenção frequente garante uma maior vida útil, garantindo bons momentos e uma relação mais satisfatória e em equilíbrio com o mundo.

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